14 de agosto de 2010

De palavra em palavra

Não é cabotinagem, não. Fazer o quê se tenho como mãe uma pesquisadora talentosa, cuja competência segue sendo reconhecida pelo público leitor e pela mídia especializada... 

Como filha orgulhosa, dedico o post dessa semana à Maria Lucia Gomensoro e a seu Pequeno Dicionário de Gastronomia - mais de dez anos depois de publicado, ainda imbatível como obra de referência para estudantes e profissionais da área. Segue abaixo reprodução do texto publicado na Revista Gosto deste mês.

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Durante muitos anos a bibliotecária e pesquisadora carioca Maria Lucia Coimbra de Gomensoro teve por hobbie coletar informações curiosas e divertidas relacionadas à gastronomia, sua grande paixão. Com o tempo, um imenso acervo de recortes e anotações acumulou-se sobre sua mesa de trabalho. Foi essa a base do Pequeno Dicionário de Gastronomia (Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 1999), que, lançado no final dos anos 90, tornou-se obra de referência para estudantes, profissionais da área e estudiosos do assunto. 

Até então, quem quisesse pesquisar sobre o tema, no Brasil, teria de se contentar com dicionários em francês, inglês e italiano. Quase nada havia sido publicado nesse gênero no país. No máximo, alguns livros de culináriatraziam glossários de termos técnicos no final. "Uma única experiência de dicionário gastronômico foi feita pela Editora Abril nos anos 80, mas o livro trazia um número bastante reduzido de verbetes, voltados principalmente para técnicas culinárias e informações práticas", cota Maria Gomensoro. "Imaginei que uma obra mais abrangente em português poderia suprir uma carência que eu mesma sentia e que outros interessados no tema também deviam sentir."

Estimulada por amigos, ela pôs as mãos na massa. Levou mais quatro anos pesquisando até que o Pequeno Dicionário de Gastronomia chegasse às livrarias, em 1999. Formada em Biblioteconomia e Documentação, conseguiu reunir cerca de 4 mil verbetes, de "à, à la, au" até "zuppa inglese", que explicam desde o que é uma vánocka, pão natalino da Tchecoslováquia, até a relação de Napoleão com a invenção dos enlatados. Lançado numa época em que a gastronomia ganhava força no país, o sucesso editorial veio logo e mais de 13 mil exemplares foram vendidos até hoje.

Há três anos residindo em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, o foco de suas pesquisas atuais é a culinária brasileira. "Por enquanto estou montando um grande banco de dados", avisa. "A forma final  vou descobrir à frente." Maria Gomensoro diz que o gosto pela boa mesa é uma herança familiar e que guarda ótimas lembranças de almoços e jantares na companhia de avós, pais, tios, irmãos, cunhados, filhos e sobrinhos. Ressalva, no entanto, que seu interesse gastronômico é muito mais acadêmico do que prático. "Minha experiência na cozinha se restringe ao trivial", revela. "Quem domina melhor esta área é minha filha."


Cláudio Fragata
Revista Gosto - Agosto de 2010      

Um comentário:

  1. O livro de Maria Lucia Gomensoro é obrigatório na biblioteca de todos os que se interessam por gastronomia, por cozinha.

    É um trabalho meticuloso, bastanteinformativo, num estilo simples, coloquial, de bom gosto.

    Sou fã!

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