5 de junho de 2012

Moderna cozinha japonesa: comida, poder e identidade nacional

Em 1997, o principal programa de culinária da televisão japonesa fez uma pesquisa com 6 mil telespectadores regulares, pedindo-lhes que fizessem uma lista de seus pratos de acompanhamento prediletos - aqueles considerados próprios para serem servidos em uma refeição em estilo japonês.

Os dez pratos mais cotados, em ordem crescente, foram: hamburger, macarrão gyosa frito, sopa de misso com tofu e algas marinhas (wakame), ensopado de frango com legumes (chikuzenni), arroz com cozido de carne e legumes ao curry (karê raisu), picadinho de carne com tofu e molho condimentado (mabodofu), picles de ameixa japonesa (umeboshi), feijão preto cozido com açúcar (kuromame), sushi à moda caseira (tirashizushi) e, finalmente, batatas com cebola (nikujaga).

Tomadas em conjunto, essas escolhas colocam em relevo uma particularidade bastante interessante da identidade culinária do Japão contemporâneo: metade desses pratos é de origem estrangeira, tendo sido introduzida nas refeições nipônicas depois da virada do século XX. 

Lançado em 2008 no Brasil pela Editora Senac SP, o livro Moderna cozinha japonesa: comida, poder e identidade nacional, da pesquisadora Katarzyna J. Cwiertka, pode ser definido como uma empreitada na busca das raízes desse "multiculturalismo" da culinária japonesa que conhecemos hoje. Especialista em estudos japoneses e coreanos na Universidade de Leiden (Holanda), a autora apresenta os resultados de uma ampla pesquisa histórica e sociológica, que permite a visualização do processo de formação da gastronomia japonesa sob múltiplos pontos de vista. 

É um livro rico de informações, mas jamais cansativo de ler. Recomendo a leitura.  


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